A questão do sexual como sagrado

Sobre essa questão, cito Xavier Lacroix: "Em que medida, então, aos olhos do cristão, o sexual pode ser considerado como 'sagrado'? Se certos autores, como Bernard Haring, retomam o termo ao falar de 'domínio sagrado do sexual', para outros, ao contrário, a tradição cristã caracteriza-se por um trabalho de dessacralização da sexualidade. É que as acepções das noções são variáveis. A resposta à questão não será a mesma se 'sagrado' significa simplesmente 'respeitável', irredutível ao estatuto de instrumento, sinal e lugar de uma transcendência ou se o termo é tomado no sentido 'terrificante', interdito, exterior à iniciativa humana, participando diretamente da potência divina. É o primeiro sentido que se trata de elaborar, sem deslizar para o segundo. Sem dúvida, para isso, o termo 'santidade' seria preferível. Tende menos à coisificação e diz melhor a mediação da liberdade do que o termo 'sagrado' que permanece irredutivelmente ambivalente.
(Lacroix, X. O corpo de carne, Loyola, 2009, p. 19-20.)

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