A fenomenologia dos gestos carnais



De que maneira vem o sentido aos gestos carnais?
A sexualidade é um processo, uma inegável dimensão expressiva da pessoa. Tal processo inclui comportamentos, como são as reações aos estímulos da presença (sua carne, seus gestos, palavras; encanto beleza, charme... e por aí vai...). Inclui ainda, condutas, as ações que tem algum objetivo (assegurar a presença, delimitar ou repelir; chamar a atenção, regular a intensidade da carícia, dos gestos... abrir-se ao orgasmo...). Finalmente, expressa também a maneira de ser da pessoa. No âmbito da sexualidade, como nas outras dimensões, todo gesto humano é significante. Mas o sentido não é intencionalidade irredutível; o sentido é revelado pela diferença. Pense por exemplo na diferença entre um toque casual e uma carícia. O sentido assume uma das significâncias do gesto.

O gesto carnal é um ato humano, com intencionalidade, significância e sentido; é uma atitude diante do outro, que expressa a pessoa do agente. Trata-se da existência da pessoa está à flor da pele. Mas os gestos carnais tem uma fraqueza, eles escapam facilmente à vontade; há uma certa comoção diante da carne do outro. A consciência clara tem pouco controle sobre eles. Assim, eles revelam muito sobre a pessoa (o sujeito), a verdade do seu corpo, do seu desejo.
Pessoa, corpo e desejo não estão isolados, na cama, por assim dizer. Mas pertencem, se pertencem, e além, à famílio, grupo, sociedade. O vínculo da carne se desfaz após os gestos carnais, mas permanece a marca do desejo, da busca, da realização... O vínculo passa a transcender o(s) ato(s), e pede o consórcio, o consentimento, a sociedade. Agora, nesta esfera, as marcas de eros, para além de sua significância no ato, apontam ou pedem o sentido. Note-se para a(s) realidade(s) apontadas pela busca do sentido.

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